sábado, 23 de agosto de 2014

Descrença e consciência - Estou sonhando ou acordado

Começamos pelo simples e óbvio:

ESTOU VIVO

Esta é a nossa forma mais primitiva de constatação de SER, de ESTAR AQUI e AGORA.

Consciência e Memória de curta duração

Nossa sensação de consciência reside numa "janela" muito pequena, denominada de Memória de Curta Duração, que biologicamente reside em grande parte no HIPOCAMPO (uma região do cérebro que também se encarrega de criar novas memórias).

Ela é tão frágil, que só é capaz de armazenar somente 7 números de telefone. O oitavo é armazenado por uma dedução instantânea que pode falhar.

Nesta "janelinha" está sua consciência. Ou seja, enquanto pensamos em alguma coisa, estamos inconscientes. Isto é comprovado por estudos e experimentos que avaliaram nossa inconsciência por mais de 95% de nossas atividades diárias.

Ou seja, temos muito pouca consciência de nós mesmos durante o dia.

Pensamento sobre nós mesmos

Para nos constatarmos como vivos e presentes, precisamos fazer duas perguntas:

  • Quem sou eu;
  • Onde estou.

Quem sofre de amnésia, uma doença humana, consequência de nossa natureza biológica, é incapaz de responder a primeira pergunta.

E poderíamos incluir uma terceira: estou dormindo ou estou acordado ?

Certas tarefas repetitivas, quando executadas por um tempo razoável, nos colocam num estado de quase sono, onde executamos as ações sem ter muita consciência do que estamos fazendo. E, devido a este estado, muitos operários e motoristas sofrem acidentes.

Consciência do passado

Se a memória de curta duração guarda apenas um "sopro" de tempo, ela precisa buscar em algum lugar a resposta para a primeira pergunta (Quem sou eu?). A resposta é todo um histórico, um curriculum do que você já fez ou pensou em várias situações, para tirar daí sua identidade funcional (sua ação prevista para cada situação).

O passado é o seu Curriculum. É por meio do enriquecimento deste que se dá o amadurecimento do indivíduo, pois ele contém uma relação de suas reaçções programadas às diversas situaçções que a vida apresenta. Todo empresa, ao recrutar novos empregados pede estecurrículo.

Descrença e negação do passado

Mas não basta ter um passado pessoal. O histórico ou curriculum de seus parentes e próximos (amigos, colegas, professores, pessoas que fizeram algo por você, de bom ou de ruim) é importante, pois você estará fazendo comparações com as ações daqueles a todo momento. Sem isto você não terá apoios afetivos, pois os atos de outros são uma forma de afeto ou de valoração de seus próprios atos.

Mas existe uma forma mais profunda de passado. Não basta a identidade própria, nem a identidade de grupo. Você precisa ter consciência histórica. A situação que o seu grupo e que a sociedade em que você vive é do jeito que está por toda uma série de eventos históricos. Ignorar ou negar os fatos históricos que ocorreram com a sua sociedade é meio passo para a depressão. (Leia mais)

Negar o passado é como aleijar o seu currículo. Você omitiria empregos anteriores de seu histórico de habilidades ? Então, não negue o passado, pois ele se refere a habilidades e conhecimentos que outros tiveram muito trabalho para construir de graça para você. Não te custou nada, e você usufruiu deles todo dia.

Descrença de Deus

Fruto da obsessão pelo método científico, que exige provas, o homem diz que Deus não existe. A prova de sua existência seria uma Certidão de Nascimento (absurdo experimental). Na velhice, após se ter vencido as etapas de:
  • Consciência própria;
  • Consciência de grupo;
  • Consciência histórica;
  • Consciência nacional;
o indivíduo pode ser atacado pela seguinte dúvida:

Para onde eu vou ?

Consciência própria

Você, leitor, muita atenção, ABANDONARIA A SUA HISTÓRIA DE VIDA COMPLETAMENTE ? Você admitiria que duvidassem de você quando dissesse: "Nasci aqui ou ali", "meu pai fazia isto ou aquilo", "estudei em tal escola" ? Você admitiria ?

Consciência Histórica

O apoio para a crença em Deus está na consciência histórica, pois esta remete o indivíduo a tempos imemoriais. Quanto mais o tempo passa, menos controle temos sobre as obras que o passado nos deixou, e portanto MENOS QUESTIONAMENTOS PODEMOS FAZER.

Se estamos aqui hoje, devemos nossa situação a quem construiu esta sociedade, seja ela boa ou má. Lembrem-se da frase de Isaac Newton, que ao ser elogiado por suas descobertas disse:

Se eu vi mais longe, foi apenas por me apoiar sobre o ombro de gigantes.

Duvidando da história, dos registros feitos por testemunhas como escribas, profetas, reis ou quaisquer autoridades, você está dando seu direito aos outros de duvidarem de sua própria história, de quem você é e de onde você veio. Isto se reflete na própria credibilidade do indivíduo. Se você observa, em conversa com uma pessoa, que ela revela falta de crenças em coisas comuns e consagradas, provavelmente ela também tem uma credibilidade baixa em relação aos outros, ou seja, não é uma pessoa confiável, pois credibilidade é via de mão dupla.

Hoje temos uma geração que nega tudo:
  • A Bíblia;
  • Deus;
  • Jesus;
  • Casamento; 
  • Estudo;
  • Descobertas arqueológicas;
  • Que o homem foi à Lua;
  • Que a Biologia Molecular existe;
  • Autoridades
Se você duvida de tudo o que foi registrado na história, você mesmo e uma fraude. Você não é digno de crédito.

Veja a lista de Fontes Primárias da História.

Se existir no Youtube, é verdade, senão é mentira. E tem alguns que mesmo vendo em um canal de credibilidade ainda duvidam. Qualquer coisa um pouco diferente do comum, ou não facilmente alcançável pela mente já suscita desconfiança.  É comum ver nos comentários de blogs e foruns coisas como:

"Falou, falou e não disse se é bom ou ruim."

Sabem o que isto significa ? Que esta geração quer definições, conceitos, exemplos e conclusões prontas, pois não sabem pensar. Sua consciência própria e histórica é muito baixa, e insuficiente para cruzar ideias.

E, por consequência disto, temos jovens com depressão, com doenças psicossomáticas, com transtornos de aprendizado, que acham qualquer coisa fácil muito trabalhosa de se fazer.

Conclusão

As crenças produzem uma consciência completa e mais firme do indivíduo, tornando-o mais resistente aos desafios da vida.

As crenças são a nossa própria medida de credibilidade.

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Fontes:
A Bíblia
Diálogos de Platão
FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO, CONSCIÊNCIA E ALIENAÇÃO - Newton Duarte
O Livro da Consciência - Antônio Damásio
Leitura e Análise de Fóruns de Internet sobre assuntos religiosos


domingo, 17 de agosto de 2014

O nascimento da adoração aos animais - Direitos humanos e dos animais

Sacrifícios

Desde Adão constatamos na raça humana a noção de sacrifícios, para perdão dos pecados. Para esclarecer este Adão, não importa se ele corresponde ao nome de um homem, de um clã, de um povo, de uma civilização, ou um ponto intermediário da história; o que importa é que o seu nome ficou indelevelmente gravado na história.

Tendo este personagem pecado, não importando se foi por comer uma maçã, pera, melancia, ou por ter perpetrado uma relação indevida com Eva (como querem muitos freudianos, intoxicados pelo mito/tabu do sexo), o que ele fez foi interpretado por Deus como pecado. Deus, sendo O Deus, poderia determinar a Adão que não bebesse leite, senão cometeria pecado, porque dEle é a autoridade e fim. Deus determina, assim como as autoridades ou as leis determinam. Estar debaixo de autoridade é que faz o Homo sapiens um homem de verdade.

Pecado e substituição

Estando Adão, desta forma, não mais limpo (os leitores se assustam com o adjetivo "imundo"), Deus concebeu uma forma SUBSTITUTIVA do pecador: UM ANIMAL. Os que acusam Deus de tirania, acham isto um absurdo: o animal pagar pelo homem. Pense simples: Você preferia que Deus matasse o homem quando este pecasse ? Nem 7 vezes 77 vidas seriam suficientes para o homem. Os dias de vida de um homem são 70 anos x 365 dias/ano = 25550 dias. Pecando dia sim dia não, pecaríamos, em média, 12775 vezes. Deus é bom.

Primeiro sacrifício

O leitor "pé da letra", vai dizer, ao ler sobre o pecado de Adão, que não foi falado que um animal foi morto após o seu pecado. Mas, um leitor que usa a lógica/razão, verá que as vests de peles de animais com que Adão e sua mulher foram vestidos se originaram de um animal. Portanto, pelo menos umanimal foi morto neste evento doloroso.

Considerando a situação, após o pecado FOI INSTITUÍDO O SACRIFÍCIO.

Neste momento, vamos imaginar um absurdo. Isto é importante, para que vejamos a miopia da qual sofremos hoje pela influência de um pensamento ortodoxo e prejudicial. Suponhamos que, naquele tempo, existisse a Associação Protetora dos Animais. O que ela faria com Adão ? Adão seria apedrejado. E se existissem as ONGs de Direitos Humanos ? Eles processariam a Associação de Proteção aos Animais. Com isto, seria iniciada uma guerra entre as duas, com a decisão se estendendo até os dias de hoje. Pelo menos se fosse no Brasil.

Compreenderam a situação quando se tenta colocar leis para as quais o contexto social não está corretamente estabelecido ?

Mas vamos prosseguir.

Um deus sanguinário

Por causa da instituição do sacrifício, HOJE existe gente (legalista) que classifica e que julga Deus um deus sanguinário. Deus, um exterminador de animais, sedento de sangue. O ser humano perdeu mesmo a noção de respeito e do seu status ínfimo frente à espiritualidade. Homens estão julgando o Deus do Antigo Testamento como um sanguinário e Zoocida. E mais, surgiu a crítica racional que acusa Deus de ter dado aos hebreus a ordem de matar todos os membros dos povos que ocupavam a região da Palestina (não chamamos de país, pois era uma série de cidades estado). Bem, Medos, Persas e Hunos fizeram coisa parecida, ou pior, pois Deus não lhes deu ordem para fazer isto.

Perguntamos: Pode o homem questionar a Deus ?

Vamos piorar bastante a situação. A crítica racional ainda tem feito mais. Diante de certas coisas que acontecem, vem aquela frase:

"Como é que Deus permite que mulheres e crianças morram nas tragédias ?"

Sim, com tantas terras disponíveis, as pessoas constroem suas cidades nas beiras das praias e dos rios. Vem as enchentes e tsunamis e eles soltam a pergunta acima. Um engenheiro irresponsável não dimensiona direito um viaduto e ele cai e mata muita gente. Então os críticos de Deus se levantam. Alguém rouba um dinheiro numa licitação de uma barragem, e toda uma cidade perece. Culpa de quem ? De Deus.

Ora, o homem se multiplicou na terra, se corrompeu, se julgou dono de seus caminhos e do seu nariz. O conhecimento científico aumentou, aumentou sua consciência sobre as consequências de determinadas coisas, tem Internet, comissões, assembléias e foruns, e o homem prefere fazer do seu jeito. O que tem Deus com o teimoso ?

O homem não reconhece e não respeita Deus, nem tenta conhecer a história de Deus, mas sabe quase tudo de seus pais terrenos. Uns até pedem ajuda de programas de TV para achá-los. Por que ele pergunta de Deus na hora das tragédias ?

História dos sacrifícios

Bem, então, dando graças a Deus por não haver impecilhos, naquela época, ao sacrifício de animais, o homem, sempre que pecava, era obrigado a sacrificar um animal a Deus, conforme a lei consuetudinária de que já adquiriram noção os patriarcas.

Caim e Abel ofereceram seus sacrifícios a Deus. O de Abel agradou a Deus, mas o de Caim não. E isto não se deu por Caim oferecer produtos da terra, mas por Caim já mostrar um coração ruim. E Caim, demonstrando inveja do irmão mais novo, o matou. Eis o homem, eis sua natureza. E foi feito errante depois de receber uma marca de Deus.

E Caim se foi pela terra, e pela sua vocação homicida só pode dar origem aos chamados "filhos dos homens", como diz a escritura sagrada. Tendo se afastado do pai, sendo um exilado, os ensinamentos patriarcais iriam se enfraquecendo na sua mente, enquanto as mágoas iriam se fortalecendo em seu coração. E seus descendentes iniciariam os usos e práticas pagãs, por estarem sob uma autoridade fraca, distante do primeiro patriarca da terra, práticas estas que, infelizmente, chegaram aos nossos dias.

O afastamento das práticas de sacrifício

Entre os descendentes de Caim, ficaria notória a expulsão deste da casa paterna. E, como ocorre numa casa onde o lider não é forte, surgiriam as primeiras oposições às práticas ordenadas por Deus. Quando a autoridade enfraquece, grupos se formam para alterar as coisas.

Achando que poderiam fazer as coisas do seu jeito, e que seriam capazes de ser mais misericordiosos do que Deus, os filhos de Caim inverteram os valores, e a propósito de pena dos animais (o povo de Caim seguiu sua vocação para o cultivo da terra), disseram para si mesmos que aquela prática sangunária não era civilizada. Se não fosse para comer, por que matar e sacrificar animais.

O primeiro grau de inversão de valores foi a reação à prática de sacrifício de animais e o seguinte foi o surgimento de um respeito indevido a estes animais. Para quem estava acostumado às práticas agrárias, bastava as ofertas de primícias da terra, de modo a usufruirem de boas colheitas da terra.

Mas o solo costuma ser caprichoso, e logo uma colheita veio em quantidade abaixo do esperado. E quando isto ocorre, logo se levanta um grupo de lamentadores, com sugestões de modo a querer dar uma solução rápida. E desta forma, acabariam com as últimas dúvidas sobre seguir ou abandonar completamente as práticas do pai de Caim.

E, ainda no tempo de Caim, floresceu a tese de que alguns dos animais poderiam, não pelo seu sacrifício, mas pela sua preservação da morte, lhes proporcionar boas colheitas. E como existem períodos de falta mas também de fartura, pode ter havido coincidência do início da prática com o bom resultado das colheitas.

A Zoomorfia

Mas a inventividade humana não pára. Logo ao primeiro êxito da prática, alguém certamente sugeriu (tanto que aconteceu que os livros registram) que se poderia fazer uma escultura dos animais "de honra" com corpo de humano, e assim se fez. Ocorreu a humanização dos ídolos de animais. A mitologia egípcia é a prova cabal do triste fenômeno.  

Mas a coisa não estacionou neste estágio. Como a corrupção do coração do homem é um abismo sem limites, ele refundiu o primeiro princípio de sacrifício (morte), com os ídolos. As estátuas eram feitas de metal, e os braços esculpidos para frente na altura da cintura, ou se fazia o ídolo com um nicho no abdomem. Aquecia-se o idolo de metal, e uma criança era colocada no nicho ou em seus braços, em sacrifício ao deus. Isto era feito no culto a Dagom (grão em hebraico) e Moloque. Para que o choro da criança não fosse ouvido, tocava-se os tambores ao  máximo, até a morte da vítima.

Conclusão

Assim nasceram os desvios do verdadeiro culto de sacrifícios a Deus, e daí surgiram os usos e costumes pagãos, com evoluções inimagináveis e extensas.

Isto é o que acontece QUANDO O HOMEM TENTA SER MAIS JUSTO QUE DEUS.

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BIBLIOGRAFIA:

Myths of Babilon and Assyria - Donald A. Mackenzie
História das Religiões - Editora Folio
Cross Cananite Myth and Hebrew Epic - Frank Moore Cross