quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Por que Tarde, e não Noite ? Gênesis 1

 

Por que Tarde, e não Noite ?


O livro do Gênesis é o pilar da Bíblia. Sendo ele a narrativa das origens do Universo (e não somente da Terra), é como se fosse a introdução de um romance, de uma epopeia. Se tirarmos o Gênesis da Bíblia, derrubamos toda a Infraestrutura da fé judaico-cristã.


Narrado em hebraico, este livro feito para judeus tem a forma de narrativa apenas compreendida, em sua inteireza, por judeus. Se um cristão deseja professar e seguir a fé em Jesus, terá que reconhecer Este último como fruto de uma promessa de profecia da fé judaica. Ele é o Messias prometido. As interpretações bíblicas de um cristão devem seguir, quando analisam eventos do Velho Testamento, o pensamento judaico, e nunca o tipo de pensamento moderno, afastado em mais de 6000 anos dos eventos que cercaram o início do trabalho das narrativas bíblicas (não confunda com o início da história humana).


Ao final do verso 1:5 do Gênesis, ao marcar o fim do primeiro dia, o cronista hebreu diz, segundo o texto hebraico:


“E ocorreu o entardecer e ocorreu a manhã, o primeiro dia”.


Por que o cronista não diz”


“E ocorreu a noite e ocorreu a manhã, o primeiro dia” ?

Universo em mutação

Vamos conhecer as condições do planeta Terra, segundo a própria Bíblia, naqueles tempos. Algo que você deve ter SEMPRE em mente, quanto aos eventos passados é:


NÃO PODEMOS NOS BASEAR NAS COISAS PRESENTES PARA AFIRMAR ISSO OU AQUILO A RESPEITO DO PASSADO.


Isto quer dizer, por exemplo, que se hoje temos uma atmosfera com a composição avaliada pelas medições de hoje, não quer dizer que a atmosfera era a mesma nos tempos bíblicos. Se hoje temos uma espécie animal, não quer dizer que ela existia naquele tempo passado. Se temos alguma evidência registrada em forma escrita ou na tradição verbal, de espécies animais exóticas, ou de fenômenos que hoje não mais existem, não podemos ignorar e dizer que tais animais ou tais fenômenos nunca ocorreram. Se hoje temos um campo magnético com determinada magnitude, não quer dizer que no passado ele tinha a mesma magnitude e não podemos afirmar sequer que ele existia obrigatoriamente naquele tempo passado.


Se há uma lei predominante em nosso Universo, esta lei é: “Tudo se altera com o tempo, para mais ou para menos”. A Terra não tinha a conformação que temos hoje. Os planetas estão se afastando do centro de nossa galáxia. Será que a velocidade da Luz foi sempre a mesma ? Será que a Terra sempre teve um campo magnético ? Será que a camada de ozônio sempre existiu ? Será que a concentração de ozônio sempre foi a mesma ?


Se não tivermos a mente aberta, não cumpriremos a nossa vocação de seres racionais, com capacidade investigativa. O mundo de hoje não é o mesmo de 10 mil anos atrás.



Explorando nosso problema

Voltemos ao nosso questionamento. Por que o cronista bíblico diz:


“E ocorreu o entardecer e ocorreu a manhã, o primeiro dia”


Vamos procurar a resposta, com muita atenção, na própria escritura, no ponto onde é feita a narrativa da Criação do Universo e da Terra:


E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.

Gênesis 1:7


Esta expansão é aquilo que entendemos hoje como a atmosfera, dividida, para fins didáticos e científicos nas conhecidas camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera. Ela é que protege a superfície terrestre e os seres que nela vivem das condições adversas do espaço, povoado por raios gama do sol, meteoros, meteoritos e outros tipos de emissão radioativas e corpos celestes errantes.


Como dissemos, não podemos encarar a atmosfera de milênios atrás, antes do dilúvio, com a atmosfera de hoje. Vejam uma referência direta à esta água acima da “expansão”, em Gênesis 7:11:


No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram,

Gênesis 7:11


A expressão metafórica “e as janelas dos céus se abriram” denota um evento catastrófico que se abateu sobre a terra, a ponto de provocar uma chuva contínua de 40 dias e 40 noites sobre a Terra. Uma simples chuva de 105 mm em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, em nosso Brasil, durante um dia inteiro, provoca os efeitos devastadores já conhecidos, enchendo os rios, inundando casas, levando os veículos como se fossem feitos de plástico e chegam a atingir e até ultrapassar o nível das janelas em quase a sua inteireza.


Mas preste a atenção, e procure estabelecer as diferenças entre o Dilúvio e uma chuva nas condições de hoje. Não se menciona nuvens. Se existissem, seriam nomeadas, já que sendo elas comuns à nossa vida presente, já teriam nome na língua do cronista. O que é muito comum sempre já é apontado por um nome. Ele fala de árvores, dias, aves, répteis, gado (não fala animais, mas já cita uma categoria específica), mas não fala “as nuvens se ajuntaram em aspecto ameaçador, prenunciando chuva mais forte do que o normal”. Não houve uma preparação.

Fórmula do Volume da “Casca” da esfera

V = 4/3*Π*h*(h2 + 3*Rterra2/h)


Onde h é a altura da “casca” e Rterra é o raio do planeta.




Quanto teria chovido ?


Se você conhece um pouco de geometria, eu proponho um cálculo simples. Apesar da terra não ser exatamente esférica, calcule o volume total de água contido em uma fina camada de apenas 10 cm de uma “casca” em torno do nosso planeta. O volume de água de uma casca de apenas 10 cm de espessura na altura das nuvens (4 km ou 4000 m de altura) perfaz:


1700214900000000 m3


O volume total de nossos oceanos é de:


1332000000000000 m3


Ou seja, o volume de uma fina camada de 10 cm de espessura de nuvens completamente líquidas seria de:


1700214900000000/1332000000000000*100 = 127,64 %


isto significa que a nossa fina camada de nuvens, quase desprezível, representaria mais do que o volume dos oceanos (ultrapassaria em 27% o volume dos oceanos), suficiente para cobrir os montes, como narrado na Bíblia:


 |Gênesis 7:19|Prevaleceram as águas excessivamente sobre a terra e cobriram todos os altos montes que havia debaixo do céu.


Para você que ficou embasbacado, perplexo com este cálculo, isto se deve ao fato de que os volumes crescem em proporção cúbica. Uma esfera, mesmo pequena, pode conter litros de água em seu interior. Imagine a terra, com seu raio de 6371 km ou 6371000 m.


Vejam bem; apenas uma finíssima camada de 10 cm de água. Mas a espessura, em forma de nuvens, que se constituem de vapor de água, é muito maior em virtude da densidade do vapor de água dentro destas nuvens. A nuvem de chuva tem 0,5 gramas de água por metro cúbico, o que nos leva à conclusão de que o volume de vapor seria de 1000 litros (decímetros cúbicos) por 0,5 gramas, ou seja, 2000 litros por grama, ou 2 m3 (2000 dm3) por grama de vapor.


Se 1 litro de água (e não vapor) pesa 1 Kg, ou seja, 1000 gramas, uma grama de água corresponde a 0,001 litros ou 0,001 dm3 (decímetros cúbicos), ou 0,000001 m3//g. Como a densidade do vapor é a metade disto, em milésimos (são precisos 2 m3 de vapor para perfazer 1 g), ainda dividimos este número por 2000 (0,000001/2000 = 0,0000000005). Ou seja, O volume que achamos deveria ser multiplicado por este número. Como as dimensões de volume variam na razão da razão da raiz cúbica do volume, grosseiramente, poderíamos ter uma altura de nuvem usando o multiplicador 0,0000000005^1/3 = 0,0007937, ou seja, a camada de 10 cm de água representaria uma camada de nuvem de aproximadamente 12600 cm, ou 126 m de altura.


Uma nuvem do tipo cumulus nimbus (de chuva) pode ter incríveis 29000 metros. Não estamos dizendo que ela fica a 29000 do solo, e sim que sua altura, da base até o topo, pode ter 29 km. E isto devido à baixíssima densidade de água em seu interior. Portanto, nossas estimativas foram bem abaixo do real. A chuva que caiu sobre a terra, no dilúvio, foi estrondosamente maior do que a nossa suposição (acima dos 27% do volume de água dos oceanos).

Se achamos, em nosso cálculos ingênuos, uma altura de 126 metros, e o valor real fosse de 10000 metros (por baixo), a espessura proporcional, em termos de água, daquela camada a 4000 metros de altura do solo, deveria ser (10000/126) vezes maior, ou seja, 10cm x 10000/126 = 793,65 cm = 7,9365 metros.


Portanto, deveríamos considerar uma camada de água de quase 8 metros de altura, e ainda seria uma estimativa abaixo do que realmente foi. Usando as propriedades de volume, e considerando que uma dimensão aumentou em 79,365 vezes, o volume deveria aumentar em 79,365^3, ou seja, 499,9 vezes:


1700214900000000 m3 x 499,9 = 849937420000000000 m3


E a razão para o volume dos oceanos seria de:


849937420000000000/ 1332000000000000*100 = 638,09 %


Nossas estimativas nos levam a crer que o volume de água do dilúvio foi de 6 vezes o volume dos oceanos terrestres, usando o volume da conformação atual do nosso planeta. Isto por estimativas abaixo do real. O volume foi bem maior, pois subestimamos a altura total das nuvens do cúmulus nimbus.


Se desejar, refaça os cálculos com a verdadeira altura de 29000 metros, com a fórmula

Conclusão

Esta camada de, pelo menos, 7 metros de água (7* 10000/126 = 555,56 metros de vapor em estimativas por baixo) protegia e provocava a dispersão da luz do sol por todo o planeta, fazendo com que, mesmo com o sol do lado oposto à região onde o homem vivia, seus raios chegassem, por reflexão total ou difração, iluminando de forma tênue a noite daqueles primeiros homens.


Hoje, temos apenas camadas de ar nos protegendo na atmosfera, e não mais um vapor de água de quase meio quilômetro (em estimativas subdimensionadas), como no passado.