domingo, 22 de maio de 2016

É possível ser feliz sozinho ?

Não vamos fazer as introduções "pastosas", insípidas e superficiais que enchem fartamente nossos jornais, revistas e livros de auto-ajuda. Falaremos de felicidade não como aquela "deusa rosa", perfeita e utópica. A abordagem aqui vai se dar em torno de um conceito FUNCIONAL e RESPONSÁVEL.

Precisamos saber a quem se refere a felicidade. Para quem ou o que ela foi talhada no mais puro ouro.

De qual objeto conceitual trata a felicidade

A felicidade foi feita para o ser humano. Se foi feita para todos os seres, não importa, pois sendo humanos, estamos procurando a sua parte que se refere a nós (sem digressões), para que sejamos objetivos. É mais correto dizer:

"Não foi o HOMEM que foi feito para ser feliz, mas sim a FELICIDADE foi feita para o homem".

Se disséssemos que "o homem foi feito para ser feliz", estaríamos enunciando a realidade de forma incorreta, pois uma grande parte dos homens acaba não sendo feliz em sua vida terrena. Mas também, se não existisse o homem, a Felicidade não se realizaria de forma Racional e Constatável.

Portanto, a Felicidade objetiva atingir o homem e realizá-lo como ser humano racional.

Felicidade individual

Se a Felicidade objetiva realizar um homem Racionalmente, (1) ele mesmo precisa constatar que está feliz, mas simultaneamente (2) é preciso existir uma ou mais testemunhas de sua felicidade.
No filme "Dança comigo" (até em filmes aparentemente ingênuos alguma coisa boa acaba aflorando) a esposa do ator principal lhe diz:

"A gente se casa para ter uma testemunha de nossas vidas".

Profundamente ingênuo e verdadeiro. Examinemos a ótica desta mulher. O companheiro é uma espécie de Conselheiro, Supervisor, Platéia, à frente do qual ela vive. Como Supervisor ele observa seu jeito de falar, de agir, de viver, em suma para, como Conselheiro, ir corrigindo, elogiando, acompanhando a esposa. Ele se torna mais que um espelho, pois este último não fala, onde ela pode se observar e obter os juízos de como está indo.

Mas como se isto já não fosse bom, ela mesma pode fazer o mesmo com o companheiro, pois melhorando sua capacidade de "espelho falante", ela aumenta sua potencial de Conselheiro e Supervisor. E os dois podem atingir níveis excelentes de maturidade (quem dera o ser humano percebesse isto).

Mas seria suficiente esta Supervisão e Aconselhamento de uma pessoa que tem afeto incondicional por nós (nosso companheiro ou companheira) ?

Felicidade Coletiva

O ser humano maduro pode suportar, sem ódio, a crítica alheia. Já repararam como o homem inventou os Conselhos (e não tem este nome atoa), Assembleias e  Reuniões ?

Ao nível cerebral, os neurocientistas já descobriram que o próprio cérebro trabalha em Assembléia, solicitando, até para as tarefas mais comuns, várias partes do cérebro.

Em reuniões escutamos as sugestões e juízos dos mais variados, mostrando a diversidade possível de ser elaborada por esta espécie tão pitoresca quanto é o homem. Hoje temos a prova mais IRREFUTÁVEL e PRÁTICA que nossos antepassados jamais puderam conceber: as redes sociais.

Existem pessoas que confessam que as redes sociais (Whatsapp e Facebook) podem suprir completamente suas carências afetivas. Mesmo digitalmente, estes meios promovem a "Assembléia de Neurônios". Melhor seria o encontro presencial, mas como o princípio ativo da carência é satisfeito, estes recursos digitais surtem o efeito quase total.

Tirando a melhor resposta do Fato

Então, com base no que foi dito, desde o individual até o coletivo, podemos responder à pergunta feita no título deste artigo.

A natureza já concebeu um mundo com (até o momento) bilhões de pessoas. Mesmo não interagindo com todas, nosso círculo de influência tem pelo menos 20 pessoas, entre parentes, amigos e colegas mais chegados. Esta é a chave para responder à pergunta.

Ficamos tão embriagados por esta individualidade corporal, que não nos damos conta de que ... OS OUTROS EXISTEM. Eles não existem apenas para "decorar" o mundo, nem tampouco para atingir a felicidade individual por si mesmos. Apesar de não existir um "cordão" ligando cada um de nós aos outros, existe uma "ligação" conceitual de semelhança, de expectativa potencial de colaboração ou de auxílio mútuo. Sua prova material é o sorriso que damos aos outros mesmo sem querer.

Se o leitor não puder racionalizar o que dissemos, que simplesmente ceda ao FATO, pois fatos dão suporte à ciência: OS OUTROS EXISTEM.

Assim como o que observa o mundo pode dizer "existem pessoas ao meu redor", cada uma destas também pensa o mesmo.

As testemunhas de Deus

Na parte espiritual (e você não é obrigado a ler isto), muitos se perguntam por que o ser humano existe. Diante do que disse a mulher no filme que mencionamos, podemos facilmente concluir que: DEUS QUER TESTEMUNHAS DE SUA EXISTÊNCIA. Ele poderia simplesmente dizer: EU ME BASTO. Mas escolheu fazer o ser humano, e estabelecer relacionamento com Ele.

Ainda bem que ELE resolveu fazer isto.
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Este texto é dedicado à minha amiga Flávia Cabral

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