segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Introdução ao quarto Evangelho - O Evangelho de João

A introdução do Evangelho de João é enigmática, mas descobriremos, neste artigo, que ela é coerente com o tempo histórico-filosófico da Grécia, e com o pensamento que permeava a mente daqueles povos.

Procure entender este contexto complexo. O mundo era politicamente romano, filosoficamente greco-romano, de língua greco-latina. Jesus pregou Sua palavra em um nicho judaico, entre judeus que falavam também o grego, em um dialeto do aramaico (siríaco), para seus 12 discípulos judeus.

Na Internet já lemos informações que confundem os conceitos e geram uma legião de confusos. Coisas como: "O único discípulo judeu era Judas (por causa do nome)". A própria Bíblia esclarece que "a Salvação vem dos judeus", ou seja, a revelação de Jesus seria PRIMEIRAMENTE pregada para os judeus. Para entender também a aliança de Jesus com os homens, os discípulos precisariam ser instruídos no Torah (5 primeiros livros do velho testamento mais algumas leituras para festas e feriados, sejam profetas, sejam crônicas). Ou seja, os discípulos teriam que ter uma preparação conceitual para conversar com o Filho de Deus.

Império Romano

Jesus nasceu durante o domínio do Império Romano, mas não era considerado como tal. O apóstolo Paulo conseguiu cidadania Romana. De Jesus nada se fala. Os judeus nascidos no império romano eram, primeiramente judeus. Eles odiavam o império romano e não queriam se misturar com ele.

Os romanos eram bons nas armas, porém não tinham base filosófica. O arcabouço filosófico do império era dado pelo pensamento grego, mas Jesus não a utilizou em seus discursos. Prestem BASTANTE ATENÇÃO. Se o discurso de algum evangelho ou epístola cita valores GREGOS, isto não ocorre por Jesus ter citado, e sim para fazer comparações com os valores que os gregos entendiam, bem como os romanos sob influência grega. Se você está explicando química para cozinheiros, precisa fazer analogias com coisas que os cozinheiros já estejam acostumados.

Jesus cita muitas comparações de coisas da fé com pesca, porque o seu público tinha muitos pescadores. É preciso usar o discurso com sabedoria.

Heresias

Devido à má leitura e à interpretação apressada, imediatista e sem pesquisa desta geração do início do século XXI, existem falsos estudiosos confundindo Jesus com algum profeta grego ou algum profeta romano, ou com um mito grego ou mito romano. Tem também uma espécie peçonhenta de judeus que se denominam MESSIÂNICOS, mas que realmente são "sinagoga de Satanás" (como reza o Apocalipse, para nos avisar), que dizem que Jesus não era judeu porque o nome Jesus é grego. Isto é fruto da lógica concreta que Piaget descreve em seu trabalho, e que se manifesta entre 7 e 9 anos de idade nas crianças. Chegam ao cúmulo de falar que Jesus não é o Messias pois a letra "J" não existe em hebraico. Este argumento é muito infantil e assusta quem tem um pouco de inteligência. Mas para inventar heresias, basta uma hipótese, uma meia verdade, e está concebida a blasfêmia.

A situação dos judeus era de nacionalidade e religião garantidas por decretos romanos, para evitar rebeliões. O que os romanos queriam era o pagamento de impostos. Eles pouco se incomodavam se os judeus adoravam a Javé, Jeová, Alá ou Baal. Só não queriam rebeliões. Os filhos de mães judias eram judeus, e nunca romanos ou gregos. Portanto, Jesus não era nem um e nem outro. Ele era judeu.

Algo semelhante ocorre com o povo basco e com os curdos. O país Basco não é independente, e sua fronteira é delimitada até a região onde exista um basco no norte da Espanha. Quem nasce lá é considerado basco pelo povo local. Os espanhóis, no entanto, exigem que eles portem documentos espanhóis, mas eles estão pouco se lixando para seus opressores. Quando nasce alguém neste povo, ele é considerado basco, e não espanhol.

O Logos e o Verbo

O evangelho de João apresenta aos leitores da época, gregos e judeus que falavam grego, o princípio para se entender Jesus. Ele cita o "Logos" (palavra, estudo, tratado). Ele começa o seu evangelho com a expressão: "No princípio era o Logos (palavra/verbo)."

A introdução já apresenta um conceito muito comum entre os gregos na época, e que se espalhou no meio dos romanos, que tomaram emprestado o pensamento grego, por não terem nenhuma raiz filosófica forte o suficiente para resistir ao pensamento grego.

Mas o autor do evangelho é mesmo um profissional de Comunicação e um eficiente Relações Públicas, pois a expressão "No princípio ..." tentava harmonizar o discurso em grego ao discurso hebraico do "Bereshit" (no princípio/em princípio). Esta "fórmula" era mágica para o ouvido dos judeus.

Desta forma, judeus que rezavam em hebraico e judeus que falavam grego entenderiam a mensagem, pois foi construída para todos os públicos almejados.

Nesta época, os judeus se recusavam a falar o latim. Falar a língua do dominador é admitir e se curvar a ele, e os judeus, por sua tendência nacionalista e exclusivista, para preservar a sua cultura, não fariam isto. Mas e o grego ? Grego era uma língua aceita no império e era propriedade de outros dominados, como eles.

Este "Logos" (a palavra, o discurso) estava, no princípio, com Deus. Então, João vai ao extremo de dizer que o Verbo (Logos) era Deus. Ou seja, o princípio, a mola propulsora, a razão por detrás de tudo era este Deus de quem João está falando.

Ao dizer em João 1:2 que "Ele estava no princípio com Deus", fala-se do "Verbo" na intenção clara de personificá-lo. Passando o "Verbo/Logo" para a pessoa de Jesus, um grego, pensando internamente na língua grega, e um romano pensando também em grego, entenderiam este discurso, digamos, codificado em linguagem religiosa.

O objetivo era ser entendido, e não falar somente a mensagem do evangelho. Era preciso estabelecer um paralelismo filosófico da mensagem com a língua dominante. Vamos deixar claro, para que ninguém estabeleça uma nova heresia, que o escritor não estava pregando filosofia grega, e nem um novo deus grego, e sim utilizando os protocolos verbais necessários para se fazer entender.

Falsas interpretações

Alguns falsos letrados inventarão que Jesus era um deus grego. Outros fantasiarão um deus romano. E o pior que isto já aconteceu em nossos tempos, entre os judeus messiânicos. Lamentável. Fazer isto é confundir a língua com a origem da entidade descrita por esta língua. Será que se Jesus fosse apresentado aos indianos em língua indiana, estaríamos obrigatoriamente criando um deus Hindu ?

Estes enganos são gerados pelo engano da pessoa utilizar o tipo de raciocínio descrito pelo grande teórico e também experimentador de didática, o suiço Jean Piaget. Se entre os 7 e 9 anos, a criança não sofrer uma intervenção de um orientador para corrigir sua tendência aos concretos, sem entender as metáforas, os prejuízos se farão sentir em toda a sua vida.

Que fez todas as coisas

No verso 3 deste capítulo 1 de João é dito que:

"Todas as coisas foram feitas por meio dele ..."

Ou seja, por meio da Palavra todas as coisas foram feitas, era a mensagem compreensível para os judeus. Existe até um ditado entre eles que diz: "Deus fez o mundo através das letras hebraicas. " Por meio do Logos, palavra utilizada no grego, a mensagem seria igualmente compreendida pelos gregos. Judeus que ouviam a mensagem em grego traduziam em suas mentes o "Logos" para a sua ideia de Palavra, Verbo, além de reconhecer em suas mentes a estrutura do "Bereshit barah Elohyim" do Gênesis em hebraico..

Esta introdução que estamos fazendo é uma prevenção contra confusões de ideias de nacionalidade, de língua e de conceitos cristãos associados ao nascimento da pregação cristã.

A luz

Ao falara da Luz, João quer lembrar o primeiro ato verbal de Deus no Gênesis 1:3, ou seja, o "Haja luz".

Existe, portanto, um perfeito paralelo entre o início do Evangelho de João e o início de Gênesis 1. Tudo isto para o reconhecimento do evangelho pelos judeus. Um judeu esclarecido deveria perceber a intenção deste discurso.

Mas, e os gregos ? Eles não tinham iniciação na Torah judaica, a que chamamos de Pentateuco (mas que possui outros trechos das escrituras também). Como entenderiam esta introdução do evangelho ?

Ao escrever o evangelho, o autor tomou o cuidado de adequar o conteúdo à leitura pelos gregos que viveram nos três primeiros séculos depois de Cristo. Nesta época, já começava a surgir uma heresia, de nome

Gnosticismo

O gnosticismo foi uma tentativa de combinar o DUALISMO com o Cristianismo. É claro que os gregos tentariam fazê-lo, para harmonizar a nova doutrina com os princípios filosóficos que já dominavam, pois não estavam totalmente prontos para absorver o significado mais puro do Cristianismo, por ser este uma verdade espiritual, e não filosófica. Veremos mais a frente o significado desta diferença.

O DUALISMO postula a doutrina de dois princípios eternos do BEM e do MAL; consequentemente, dois domínios não criados da LUZ e das TREVAS, de imaculada pureza mas de essência corrompida. Um é o domínio da pura espiritualidade (LUZ), na cabeça do qual estava Deus mesmo; o outro o domínio da matéria, escura, caótica e má.

Por isto o verso 1:5 de João diz:

"A Luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não prevaleceram sobre ela."

Constatem com a sua razão o DUALISMO. Por causa do gnosticismo, João teve o cuidado de esclarecer a oposição, e seu real significado cristão.

Conclusão

Vejam, é só a análise do trecho inicial de João, e vejam a quantidade de coisas envolvidas. Bíblia é assunto sério, e não pode ser encarado de forma precipitada.






3 comentários:

  1. 100% BABOSEIRAS. O CRISTIANISMO É APENAS UMA SOPA DE PLÁGIOS.

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    1. Faça sua exposição de motivos, grande sábio de Internet ... se souber argumentar.

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  2. Já ouvi o discurso dos messiânicos. Não são cristãos, e nem judeus. São uma coisa esdrúxula e fanática, com dois Jesus. Doidos varridos.

    Mas o pior é quem não entende de história, ou ateus fanáticos. Estes são piores que corintianos fanáticos.

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