quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Nietzsche, intenções subliminares - Parte III

Imparcialidade

A primeira frase sobre a qual nos iremos debruçar nesta parte III é:

"observei que em toda filosofia as intenções morais (ou imorais) constituem a semente donde nasce a planta completa"

Para quem já chegou aos 50 anos, percebe-se claramente a indireta de Nietzsche. Ele está dizendo que tem filósofos que constroem a sua filosofia baseado em seu código de moral. Um momento antes de prosseguirmos, para que citemos a frase de uma psicóloga especializada na corrente do psicodrama, em que o paciente age como ator, reconstruindo uma cena de sua vida:

"Quando você fala sobre alguma coisa, de certa forma está falando sobre você mesmo"

Pois bem, o que pensava Nietzsche ? Que o intelecto dos filósofos é parcial. E ele tem razão. Como quis dizer a psicóloga, NINGUÉM CONSEGUE SAIR DA PRÓPRIA MENTE E EMITIR UM PARECER. Até os ministros do nosso STF (Supremo Tribunal Federal), tendo à sua frente, TODOS ELES, a mesma lei, interpretam-na de forma diversa. Por que ? Não deveriam TODOS emitir a mesma opinião, já que suas fontes são as mesmas ? E por que o ditado: "cada cabeça uma sentença" ? Óbvio. Nenhum de nós é totalmente imparcial. Todos nós fomos educados de formas diferentes.

Então Nietzsche acusa os filósofos de serem o quê ? De serem humanos. E como veremos mais à frente, ele se acha um super-homem.


Condução da moral 

A pergunta "a qual moral querem conduzir-nos ?" é, de certa forma, uma continuação do raciocínio sobre imparcialidade. E ele prossegue, dizendo que não crê num "instinto do conhecimento". A primeira pergunta é uma forma de já desacreditar os filósofos. É um artifício linguístico que corresponde ao ato de colocar no coração do leitor a dúvida. O mesmo fez a serpente ao perguntar à Eva: "É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim? "

Guarde bem. A tática dos enganadores é plantar a dúvida no seu coração. O alemão está colocando a dúvida no leitor do seu trabalho, para negar a existência de um "instinto do conhecimento" que seria o PAI DA FILOSOFIA. E logo depois ele faz um jogo de palavras em torno do conhecimento e dos instintos, imputando vaidade aos filósofos e uma espécie de apropriação dos instintos, cada um deles, para dentro de sua filosofia particular. Ele dá a entender que a Filosofia particular de cada filósofo nasce de seus instintos que, eles sim, querem filosofar.

Em resumo, os instintos são elevados ao cargo de Governadores da Filosofia.

Instintos

Vamos relembrar um dos pilares do progresso. O progresso, principalmente científico, vem justamente quando existe um nível de conforto e uma estabilidade tais que o ser humano pode se dedicar às atividades de planejamento e pensamento, porque não precisa lutar, a maior parte do tempo, pela sua sobrevivência. A sobrevivência é que ativa a camada baixa de nosso raciocínio, ou seja, os instintos. Nietzsche tenta complicar os fatores que levam a pessoa a filosofar. Os filósofos fazem filosofia quando os instintos estão adormecidos o suficiente para que a razão possa receber energia suficiente para começar a imaginar um mundo diferente, um PENSAR DIFERENTE. Se não houver nada errado acontecendo, os filósofos morrem de fome.

Mas ele quer atribuir esta inclinação do ser a um instinto ? Então nos encontramos um e queremos lhe dar nome. Nós vamos dar o nome de INSTINTO DE ... CONHECIMENTO, pois é justamente isto que o ser humano busca, quando não tem as tarefas maçantes para fazer. As pesquisas na Internet o provam, as estatísticas do Google o confirmam. Vamos perdoar Nietzsche, neste ponto, por não ter nascido nesta ERA DO CONHECIMENTO na qual vivemos.

Instintos no poder

Diz Nietzsche que nossos instintos querem predominar. Até aí é inteiramente aceitável sua proposição. Mas, em seguida, ele diz que este quer "aspirar a filosofar". Então fica evidente que ele não leu a história Universal até o ano de sua morte, e não presenciou o que viria a seguir. O imperador Alexandre, os imperadores persas, falando de história antiga, tinham os seus conselheiros para pensarem e proporem teses para eles. E na segunda guerra, Hitler tinha o seu "filósofo" Goebbels para propor teses.

O que queremos dizer, é que os seres humanos guiados por instintos, não pensam com clareza, e precisam de alguém que lhes sirva de "alterego ativo" no lado filosófico. Os instintos geram "calor" demais que estragaria a "sopa de temperatura certa" que é o lado filosófico. Querer que instintos filosofem é querer que o drogado consiga jogar paciência, coisa já demonstrada no canal Discovery com quatro indivíduos que consumiram drogas diferentes. É impossível.

Veja esta citação de Goebbels em 1934, para comparar ao que falou Nietzsche, e ao que expusemos acima:

"A propaganda jamais apela à razão, mas sempre à emoção e ao instinto."

Realmente os instintos não servem para criar Filosofia. Mas são a porta aberta para insuflar o engano na alma humana. Talvez Nietzsche estivesse profetizando o mau uso dos instintos não para fazer filosofia, mas para serem os germes da alienação do povo alemão. Ele dizia o que não sabia para que seria usado o alvo de seu ataque. Se o seu pensamento serviu para inspirar Goebbels, do ponto de vista que ele estava falando de cada cidadão como filósofo, então podemos dizer, entre outros pensamentos que este filósofo propagou, que ele foi um dos inspiradores do Nazismo.

Continuação

Teremos mais imparcialidade e impessoalidade no próximo post.

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